terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Para o menino narcisista...

Venha para cá, vamos nos sentar
Vamos nos sentar no banco de trás do seu carro

O banco de trás tem uma mancha de mostarda
O banco de trás tem uma mochila velha
O banco de trás tem alguma coisa usada

Tudo é melhor no banco de trás
Tudo é melhor quando acontece no banco de trás

Venha para cá, ninguém vai bater na janela
Ninguém vai bater na janela embaçada do seu carro

Vamos conversar no banco de trás
Vamos deixar os nossos segredos no banco de trás
Vamos arrancar os cabelos no banco de trás

Nada se repete no banco de trás
Nada me faz mais feliz do que o banco de trás

sábado, 26 de janeiro de 2008

Os favores.

Por favor, escute as minhas histórias e saiba o nome das minhas amigas.
Por favor, tenha paciência e não me ridicularize jamais.
Por favor, seja gentil e nunca me encoste à mão.
Por favor, não critique a minha espiritualidade e entenda o que é importante para mim.

Para que eu não termine com um alcoólatra
Para que eu não apanhe
Para que ele jamais grite comigo

Você pode me fazer esses favores?

Por favor, passe, pelo menos, três horas do seu dia só comigo.
Por favor, não faça com que eu me sinta desajeitada.
Por favor, não diga nada tão cruel como de costume.
Por favor, tenha uma profundidade filosófica, mas não seja cheio de si.

Para que ele me trate como uma princesa
Para que eu não tenha que chorar
Para que ele diga que eu sou bonita

É assim que você gostaria?

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Leaving on a jetplane

Como se eu fosse uma construção abandonada
O seu projeto interrompido
A obra que ficou muita cara para ser terminada

-O que a gente faz com aquilo? Explode?
-Nem precisa... Ela ta em área desapropriada.
Não vale nada.

Como um prédio semi-abandonado
Os sem tetos vem, os sem tetos vão
Nada me faz esquecer o meu construtor mal-amado

O seu trabalho feito às pressas
O que seria o mais belo
Esquecido em meio à cidade

A construção que estaria nos livros de arte
A consagração total de um construtor cirurgião
Seqüelas e mazelas por toda a parte

-Você nunca vai retomar a obra?
-Pra quê? Essa não é a construção mais bonita, mais magra, mais inteligente ou mais interessada
Não vale nada

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

O dia em que eu O odiei.

Hoje eu vi Deus no noticiário. Ele morreu com cinco tiros à queima roupa, mas ninguém se importou. Hoje eu vi Deus, Ele estava traficando perto de uma escola. Depois Ele ajudou uma senhora a atravessar a rua, ateou fogo em um índio e pintou um sorriso no rosto de uma criança que não tinha olhos.
Eu ouvi Deus conversando sobre sexo em uma mesa perto da minha. Deus estava fazendo o bem para um coração como o meu. Deus estava fazendo uma menina de pulsos cortados chorar, e Ele estava fazendo sorrir uma criança de pés descalços.
Deus chegou bêbado em casa ontem e me queimou com palavras quentes. Ele não se importa e Ele não sabe, Ele nunca se importará e Ele nunca saberá. Ontem Deus me fez odiá-Lo.

Deus jogou uma bomba na Terra Santa, isso foi bem depois de ter tido seu filho no Nepal. Você sabia que Deus adotou um menino africano e depois bateu em Sua mulher? Ele traiu Seu marido e deu esperança para quem não acredita Nele. Deus é bem controverso.
Ele veio nos vistar e fez o que Ele bem entendeu. Ele esta nessa vida para Se divertir e Ele não se importa com a vida de ninguém. Deus foi estrupado e Ele estrupou, Ele morreu e Ele matou e, por fim, Ele acendeu um cigarro, deu um gole na cachaça e descansou.

domingo, 20 de janeiro de 2008

Não é sobre amor.

Trezentas flores
No seu olhar
Pecado é lhe deixar de molho
Venha para cá, vamos pecar

Uma noite na cidade
A primeira sem você
Encontrei um rapaz tão gentil
Mal posso esperar para ver o que vai acontecer

Ponha sua cadeira perto da minha
Juro que não vou me importar
Ah! Se ele me visse agora
Eu diria: Desculpe, meu bem! Mas ele tem trezentas flores no olhar.